O lugar certo para trabalhar

por Wellington Moreira em QualidadeBrasil.com.br

Uma antiga fábula conta que certa vez a mãe e seu bebê camelo estavam por ali, à toa, quando de repente o filhote perguntou:

– Mãe, posso te perguntar umas coisas?
– Claro! O que está incomodando o meu filhote?
– Por que os camelos têm corcova?
– Bem, meu filhinho, nós somos animais do deserto e precisamos das corcovas para reservar água. Aliás, é por isso mesmo que somos conhecidos por sobreviver sem água.
– Certo. E por que nossas pernas são longas e nossas patas arredondadas?
– Filho, certamente elas são assim para permitir que caminhemos no deserto. Sabe, com essas pernas eu posso me movimentar na areia melhor do que qualquer um! – disse a mãe, toda orgulhosa.
– Certo! Então, por que nossos cílios são tão longos? De vez em quando eles atrapalham minha visão.
– Meu filho, esses cílios longos e grossos são como uma capa protetora. Eles ajudam na proteção dos seus olhos quando atingidos pela areia e pelo vento do deserto, disse a mãe com satisfação.
– Tá. Então a corcova é para armazenar água enquanto cruzamos o deserto, as pernas para caminhar através do mesmo e os cílios são para proteger meus olhos da areia e do evento. Então que diabos estamos fazendo aqui no zoológico?

Nas organizações também ocorre a mesma coisa. Profissionais que detém formação, habilidades e competências nem sempre as utilizam porque seu trabalho não permite o exercício destas capacidades. É o exemplo de quem possui fluência no idioma inglês, mas não precisa fazer uso dele em seu trabalho – e enferruja.

Muitas pessoas ficam “presas” a cargos (ou seriam jaulas?) que pouco contribuem para uma carreira mais estimulante e significativa. Um bom salário combinado com benefícios atraentes pode ser recompensador no curto prazo, mas o que ajuda a construir sucesso profissional é a certeza de que suas competências são exigidas dia após dia nas funções do cargo ocupado.

Pelo menos em termos de empregabilidade pouco adianta a luta por uma formação melhor se o contexto não oportunizar a solidificação do aprendizado por meio da experiência prática. É o caso de quem faz um curso de especialização em logística porque algum dia pretende trabalhar na área ou por estar na moda, mas não tem ideia do que se trata ou chance alguma de aplicar o conhecimento obtido na empresa onde pretende permanecer.

Talvez seja por isto que identificamos com tanta facilidade as pessoas que agem como a mãe camelo. Geralmente são profissionais que conhecem profundamente as teorias de tudo e se contentam com sua pseudo-sabedoria em vez de vivenciarem os ensinamentos dos próprios discursos.

A boa notícia é que também há aqueles que agem como o bebê camelo, isto é, compreendem que parte da empresa vive num mundo de fantasia e questionam a realidade existente. São estes que transformam as organizações nas quais trabalham ou então se mudam para o deserto corporativo onde serão valorizados.

O lugar certo para você trabalhar é aquele no qual é possível exercitar suas competências com intensidade e desenvolver habilidades potenciais não identificadas até o presente momento.

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