Empreendedorismo no setor público
O sonho de todo empreendedor é ver o seu negócio ou aquilo que ele faz impactando a vida de milhões de pessoas.
Agora, imagine ter milhões de clientes atendidos todos os dias com os mais diversos problemas, vindos das mais diversas classes sociais e com necessidades muito diferentes entre si.
É este o desafio do empreendedorismo público e do empreendedor público:
Oferecer serviços de qualidade nas áreas da saúde, educação, transporte, segurança e muitas outras, para toda a população.
Sim, você sabe que esta não é a realidade atual.
E sabe também a urgência e necessidade que o Brasil tem de contar com empreendedores públicos.
por Joel Solon Farias Azevedo, diretor da ProValore
A natureza do setor público é muito diferente do setor privado
A lógica de trabalho é diferente e o jeito de se pensar as ações e as relações pessoais se dão de forma diferente também.
O setor privado opera muito mais orientado à solução e atendimento das necessidades dos clientes, com foco em inovação e maior capacidade e necessidade de se adaptar aos desafios, em função da livre concorrência.
O não atendimento das necessidades dos clientes tem consequências, que no limite representam o fim da organização.
Já o setor público conta com um alcance bem maior e grande capacidade de impacto, mas não opera em regime de livre concorrência.
Ao contrário, na maioria das vezes opera em regime de monopólio, e monopólios raramente são desafiados.
Qual o impacto do empreendedorismo na sociedade?
O empreendedorismo é o fator que possibilita o desenvolvimento social e econômico, em todos os setores e em qualquer lugar do mundo.
Seja no âmbito pessoal, local ou mundial, as pessoas empreendedoras são aquelas que mudam o mundo.
Seja nos negócios ou no âmbito social, a criatividade, iniciativa e vontade de transformar o mundo ao seu redor dos empreendedores é o que nos permite ver o avanço do ser humano como sociedade.
A base do empreendedorismo é a solução de problemas de maneira criativa, eficiente e simples.
Sem ele, não teríamos avançado e nem chegado à invenção da roda e do telefone celular!
O empreendedorismo visa tornar nossas vidas mais fáceis e melhores.
Empreendedorismo dentro das organizações
Cada vez mais as organizações, sejam elas públicas ou privadas e com ou sem fins lucrativos, dão prioridade a colaboradores com características empreendedoras, tanto na hora de contratar como na hora de oferecer promoções a cargos de maior responsabilidade.
Isto ocorre porque pessoas empreendedoras são muito úteis e até mesmo imprescindíveis no ambiente corporativo.
As pessoas empreendedoras possuem visão estratégica e capacidade de identificar problemas, mesmo antes que eles aconteçam.
Além disso, estão sempre mostrando proatividade e oferecendo novas soluções, sempre criativas e eficientes.
O empreendedorismo também gera colaboradores mais motivados, que estão dispostos a se dedicar por completo quando seus objetivos estão alinhados com os objetivos da organização.
Empreendedores são valiosíssimos em cargos de liderança, uma vez já que possuem alta capacidade de adaptação.
A organização empreendedora e o intraempreendedorismo
O intraempreendedorismo é reconhecido como um elemento importante para a competitividade organizacional.
A inovação é promovida por indivíduos que possuem um espírito empreendedor, capazes de aplicar suas competências em prol do sucesso organizacional ao mesmo tempo em que buscam realização pessoal e profissional.
A organização empreendedora oferece as condições para o intraempreendedorismo por meio de uma cultura empreendedora onde há a valorização dos profissionais e apoio ao desenvolvimento de competências.
O intraempreendedor é aquele que concretiza as visões organizacionais e é capaz de quebrar barreiras para implementar suas ideias apoiado pelos recursos, estrutura e tecnologia organizacional.
A competitividade e a sustentabilidade das organizações estão condicionadas à sua capacidade de inovação. É assim e vai continuar sendo assim no futuro.
A organização empreendedora já entendeu direitinho o papel do intraempreendedorismo na geração de inovação e que os talentos humanos são decisivos para o empreendedorismo organizacional.
O intraempreendedorismo significa uma grande vantagem competitiva para a organização, porque são os intraempreendedores que criam, desenvolvem, implementam e produzem novos produtos e serviços que, ao fim, geram mais resultado para a organização.
A maior capacidade competitiva da organização empreendedora deriva das competências inovadoras e empreendedoras dos seus talentos, expressas em comportamentos e ações possibilitados pelo ambiente propício à inovação.
Qualquer que seja o porte da organização, as ações inovadoras e empreendedoras sempre nascem nos cérebros e mãos das pessoas demonstram a busca por desafios, capacidade de realização, combinados com apetite ao risco e persistência.
Características da organização empreendedora
A organização empreendedora convive bem e tem uma cultura que valoriza e reconhece as realizações, a inovação, a assunção de riscos, a tomada de decisão em ambientes de incerteza.
A cultura organizacional também é orientada à criação de valor por meio da inovação, do reconhecimento de oportunidades, do planejamento, da gestão do conhecimento e da promoção e proteção de valores.
A organização com orientação empreendedora incentiva a autonomia das pessoas. Agindo assim ela consegue ser proativa e pioneira a ponto de se antecipar à concorrência. E sendo mais confiante pode assumir mais riscos de negócio atrelados à inovação e vanguarda.
Em resumo? A organização empreendedora é aquela que mantém vivo nas suas pessoas o espírito empreendedor.
As barreiras ao empreendedorismo
Se você é brasileiro e atua no mercado de trabalho brasileiro, já conhece quase todas!
As barreiras são facilmente reconhecidas nas organizações altamente hierarquizadas, burocráticas e que não adotam uma cultura de inovação.
Exemplos? Organizações públicas, empresas familiares…
Elas têm remédio, tem salvação? Tem sim, precisam adotar uma cultura e gestão descentralizada e focada em inovação.
Precisam também de políticas de reconhecimento e meritocracia que orientem a atenção de seus colaboradores para a responsabilidade e para os resultados, em detrimento da burocracia.
Existem organizações nas quais os líderes atuam de forma inovadora, mas as estruturas corporativas burocráticas e hierarquizadas quase que impedem a inovação.
As principais barreiras são bem conhecidas:
Ausência de suporte ao líder e ao profissional empreendedor;
Falta de engajamento das pessoas com a inovação;
Cultura e premissa de punição pelo erro ou tentar fazer diferente;
Aversão ao risco e desperdício de oportunidades;
Individualismo e estrutura verticalizada em silos que quase impede a cooperação;
Comunicação precária em todos os níveis, horizontal e vertical.
E a última e mais importante?
A consequência da existência das barreiras na organização.
As pessoas empreendedoras têm baixa confiança de que terão os seus esforços reconhecidos, recompensados e encorajados e na prática, são desestimuladas a contribuir para a mudança e para a melhoria.
E qual a consequência de se manter barreiras à inovação na organização?
Novamente, se você é brasileiro e está inserido no mercado de trabalho, já sentiu isto na pele.
Enquanto a organização empreendedora atrai talentos, a organização NÃO empreendedora os repele, expulsa, manda embora.
E agindo assim perde e entrega de graça para a organização empreendedora justamente aqueles profissionais que poderiam fazer a diferença na sua organização.
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