Cooperação x competição saudável x competição predatória

no pensadormercadologico.com, baseado na  Superinteressante de maio 2011

A competição e a colaboração sempre estiveram presentes na espécie humana.

Se olharmos um pouco para a história da humanidade nos deparamos com a teoria de Darwin, a da seleção natural. Darwin identificou que a competição entre os seres vivos é um dos mecanismos fundamentais da evolução. Por outro lado, os antropólogos, neurologistas e até mesmo biólogos evolutivos ressaltam que a cooperatividade foi um dos fatores fundamentais para que a espécie se tornasse dominante no planeta. Este comportamento (o da cooperação) pode ser observado nos animais como no exemplo a seguir:

Em 2007, veterinários de um zoológico na China exibiram a “adoção” de dois filhotes de leopardos por uma cadela, que os amamentou como se fossem sua própria cria. A mãe dos felinos os abandonou, e, se não fosse a interação entre os animais, os pequenos leopardos correriam risco de morrer.

No próximo exemplo que retrata uma experiência com humanos, parece que as coisas são funcionam de forma tão simples. O vídeo abaixo mostra o Marshmallow Challenge. Este exercício, aplicado como workshop em muitas empresas pelo Tom Wujec, faz com que as pessoas tenham que colaborar de uma forma muito rápida, e por isso revela lições importantes sobre a natureza da cooperação.

Nas crianças também podemos observar facilmente o comportamento de cooperação como foi mostrado no vídeo. Foram elas que tiveram um dos melhores desempenhos no desafio. Com o passar dos anos, parece que precisamos “aprender” a competir para garantirmos a sobrevivência. Desde cedo aprendemos que o mundo é um campo de batalhas, e de fato é, pois o mais forte e o mais inteligente, sempre se sobressaem. Quando entramos na escola começamos a competir pelas notas, para entrar na faculdade precisamos competir no vestibular e a vida segue com várias competições. Em 2050 seremos em torno de 9 bilhões de pessoas, segundo os especialistas, todos ávidos por emprego, segurança, saúde, sentido de realização.

A competição em muitos casos é sadia, impulsiona, movimenta.

É aquela que não nos afasta da família e dos amigos, que não é construída diante da desgraça alheia, que não sacrifica a nossa liberdade de expressão e de pensamento, que não expõe os nossos instintos mais primitivos.

Na medida em que o mundo evolui, a competição torna-se implacável, dura, chega a ser insana. Olhando para as organizações passei a questionar o modelo de “competição interna saudável” quando este não está voltado para a competição cooperadora (quando as equipes motivam-se para dar o melhor de si mesmas, com espírito competitivo, sem perder de vista os objetivos comuns a todos).

Empresas que estimulam a competição desenfreada entre funcionários são o ambiente ideal para o psicopata (um psicopata nem sempre vira assassino, ele vai atrás daquilo que lhe dá prazer, dinheiro, status ou poder). Eles são atraídos por grandes companhias e na maior parte dos casos, buscam empregos com ritmo acelerado, muitos estímulos e regras manipuláveis. Abaixo estão algumas das características presentes em um psicopata:

  • É superficial nas relações, não faz vínculos, preocupa-se apenas consigo mesmo;
  • Mente e usa as pessoas para conseguir algo;
  • É racional, não sente remorso ou culpa, não estão nem aí para o sofrimento alheio;
  • Não tem empatia, não consegue se colocar no lugar do outro;
  • Só se compromete com o que lhe traz benefícios;
  • É impulsivo e imprudente (corre riscos e toma decisões ousadas);
  • Não consegue estabelecer metas de longo prazo;

Essas características não vemos somente em personagens de filmes como o Hannibal. Muitos perfis como estes usam as organizações como palco. Atitudes assim passam desapercebidas em empresas que estimulam somente a competição e não trabalham a cooperação. Se a companhia está obcecada somente pelos resultados que o colaborador gera é possível que não preste atenção ao cumprimento da ética no trabalho.

Movida pela competitividade, a empresa americana de energia Enron, foi do estrelato ao fundo do poço por causa de fraudes cometidas por executivos do mais alto escalão. Todo o semestre um ranking interno nomeava os 5% melhores funcionários, os 30% excelentes, os 30% fortes, os 20% satisfatórios e os 15% que deviam melhorar. Se não melhorassem até a próxima avaliação eram demitidos. Até que descobriram que a competição impulsionava falcatruas para garantir uma boa posição interna. No final de 2001 fraudes que somavam US$ 13 bilhões engoliram a empresa. A Enron faliu.

Este é um case americano, mas no Brasil também temos cases assim. Organizações que ainda não chegaram a falência como a Enron, mas que adotam práticas muito parecidas. Que fecham os olhos para os valores, a ética e para a saúde mental dos seus colaboradores.

Se você é um executivo, líder, gerente ou até mesmo diretor, olhe para a organização que trabalha e analise se ela caminha em direção a competição cooperadora. Se ainda não está 100% no caminho, brigue, lute por isso. Se está muito longe, questione se é este o seu lugar.  

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