Brasileiros Trocariam de Emprego para Fugir de Trabalho Presencial
Enquanto organizações abandonam os dias de home office e exigem o retorno ao presencial, seis em cada dez profissionais brasileiros dizem que deixariam o atual emprego caso fossem obrigados a aumentar o número de dias no escritório. O dado faz parte de um estudo global da consultoria Michael Page, especializada em recrutamento de média e alta gerência, que entrevistou cerca de 50 mil pessoas em 36 países entre novembro e dezembro de 2024.
O percentual brasileiro (60%) dos que rejeitam mais dias de trabalho presencial está acima das médias global e latino-americana (ambas de 58%). Também supera o de países como México (53%), Peru (54%) e Panamá (50%), embora fique abaixo da média na Argentina (67%), Chile e Colômbia, ambos com 61%.
Original na Forbes
Apesar da resistência dos profissionais ao modelo presencial, grande parte das organizações no Brasil e no mundo tem retornado ao escritório. Segundo a pesquisa OrgBRtrends, da McKinsey, mais de 90% das organizações adotaram modelos híbridos desde a pandemia. No entanto, um levantamento mais recente da Deel com a Opinion Box, realizado em 2024, mostrava que 51% das companhias estavam operando em modelo totalmente presencial, enquanto 45% funcionavam no formato híbrido.
Mais produtividade no trabalho presencial ou remoto?
O levantamento da Michael Page também revelou um descompasso entre funcionários e organizações em relação ao modelo de trabalho mais eficiente. Enquanto 41% dos brasileiros afirmam ser mais produtivos em casa, apenas 19% das empregadores concordam. A maioria das organizações ainda enxerga a presença física como um fator determinante para o desempenho.
“As visões antagônicas de funcionários e organizações sobre a eficácia do trabalho híbrido podem colocar em risco pilares fundamentais como confiança, transparência e parceria”, afirma Lucas Toledo, diretor executivo da consultoria.
Para Toledo, o desafio está em redefinir o significado de produtividade em diferentes contextos. “O que é mais produtivo: uma conversa informal durante a pausa para o café ou um dia inteiro de reuniões virtuais? O que distrai mais: um escritório movimentado ou as constantes interrupções de entregadores em casa? A resposta varia de pessoa para pessoa, de função para função.”
Somente 21% dos profissionais brasileiros se consideram mais produtivos no escritório, enquanto 38% afirmam ter o mesmo desempenho tanto em casa quanto no ambiente corporativo. Segundo a pesquisa, a pressão pelo retorno ao trabalho presencial pode desencadear uma onda de demissões — ou, pelo menos, de insatisfação.
“Especialmente em setores onde profissionais qualificados seguem em alta demanda, o poder de escolha está nas mãos deles.”
Bem-estar fala mais alto que promoção
A flexibilidade é um dos pilares da qualidade de vida, que tem influenciado diretamente as decisões de carreira dos profissionais. Segundo o estudo, 60% dos brasileiros recusariam um novo cargo se isso colocasse seu bem-estar em risco.
“Aceitar uma promoção já não é, necessariamente, sinônimo de avanço na carreira.”
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