Punição pelo bom desempenho

Vamos falar de injustiça na gestão de pessoas aqui no Brasil.
Uma vez tive o privilégio de conversar com o Dr. Alexander Romiszowski, uma referência mundial em educação e gestão de pessoas.
Estávamos falando da gestão em diferentes culturas, e ele disse que no Brasil, só no Brasil, existe uma coisa chamada punição pelo bom desempenho.

por Joel Solon Farias de Azevedo, MBA, PMP, CBPP
Fundador da ProValore

Vamos comerçar pelas consequências do nosso modelo nefasto de gestão de pessoas

Imaginem a situação: alguém mais preparado que os demais integrantes da equipe e com falta de atribuição clara das atividades da sua função acaba, inevitavelmente, sobrecarregado de trabalho.

Por causa da sobrecarga, o colega adoece e desestabiliza seus relacionamentos, mas é tratado como herói no curto prazo.
Ao mesmo tempo, ele é muito malvisto pelos colegas menos produtivos e com desempenho mediano ou medíocre.
Enquanto está muito produtivo, ele é visto como muito necessário e não pode ser promivodo porque seria insubstituível.

Pronto, acabou de ser punido, quando deveria ser premiado e reconhecido.

As consequências dessa disfunção no médio prazo são desmotivação para o trabalho e para a vida, depressão, terapia e, depois da conscientização da causa dos problemas e do sentimento de impotência, vem o pedido de demissão e a mudança para outra organização.

A este evento, tecnicamente, chamamos evasão de talentos.
Esse é um problemão das organizações, porque só quem tem bom desempenho opta por ir embora, enquanto os mais ineficientes decidem ficar.
Até porque muitos não têm para onde ir mesmo.

Vamos derivar as causas do problema

Ele começa por um mal crônico brasileiro, ou seja, a falta de critérios para a seleção dos ocupantes dos cargos gerenciais.
Na ausência de critérios, é escolhido, e sempre às pressas: o mais antigo, ou o mais experiente, ou o mais queridinho, mas não o mais preparado.
Bingo, se você pensou, ainda, naquele que tem o maior “QI”.
Sim, não existe vácuo de poder, se ele não é ocupado pelo bem será ocupado pelo mal.

Some a isto a irresponsabilidade, de boa ou má fé, de quem tem o poder de nomear e que coloca em um cargo gerencial alguém que não atende aos requisitos de liderança e de desenvolvimento e gestão de pessoas. A palavra é esta mesmo: irresponsabilidade.
O resultado, todos sabemos. É a metáfora da tartaruga que não sobe em árvore. Mas está lá. E poucas coisas frustram ou desmotivam mais as pessoas do que ver postos importantes na organização ocupados por incompetentes.

Vejamos agora as consequências

Sigamos: este novo gerente (gerente?) despreparado não é capaz de promover o desenvolvimento da sua equipe, onde, digamos assim, há um déficit de competências (quase todas as equipes o têm).
Só que ele, o gerente (ou chefe?), tem entregas e prazos a cumprir e é injusto na distribuição das tarefas, entregando a maior parte delas, ou as mais complexas, para o funcionário mais produtivo, que é capaz de cumprir os prazos.

Como este chefe está sempre correndo contra o relógio, ele não tem tempo para treinar ninguém, e as coisas permanecem como estão, quer dizer, de mal a pior.

Assim, o este chefe se sustenta por algum tempo até que o seu craque, o seu servidor competente e sobrecarregado, se dá conta de que está sendo punido com mais trabalho, pelo simples fato de ser mais capaz do que os seus companheiros.

E os companheiros?
Ah, alguns estão até adorando, pois estão sendo premiados com menos trabalho, uma vez que não foram treinados porque faltou tempo, ou porque têm baixo desempenho, ou não querem produzir mesmo.
Isto é bem normal quando a organização tem uma avaliação de desempenho fraca ou pró-forma e sem consequências, ou seja, o caso da maioria das organizações brasileiras.

E o que acontece quando o talento pede para sair?

O ciclo se reinicia, de duas formas:

Outra pessoa é seduzida para exercer o papel dele, e o chefe se mantem no cargo por mais algum tempo, ganhando uma sobrevida.

Na outra opção, o chefe dança, perde o cargo e o ciclo maligno se reinicia ao promover, às pressas: o mais antigo, ou o mais experiente, ou o mais queridinho, mas não o mais preparado que, muitas vezes, era o cara que saiu.
Quem era ele? O servidor talentoso, auto motivado, orientado a resultados, que perdeu a paciência e a saúde e foi embora. E talento não tem preço, viu?

Triste, muito triste. Precisamos trabalhar muito para reverter esta realidade.

O caminho mais curto, sem dúvida, é o investimento pesado em gestão estratégica de pessos e desenvolvimento gerencial.

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